É raro eu gostar dos contos de Luísa Costa Gomes. Há qualquer coisa no estilo dela, e também, ou talvez sobretudo, nos seus temas e na forma como os aborda, que eu costumo achar profundamente desinteressante. Não escreve mal, pelo contrário, mas nem só de bem escrever se faz a literatura, e mais ainda a experiência de leitura, e entre os textos dela e o meu gosto há frequentemente uma barreira dificilmente transponível.
É raro eu gostar dos contos de Luísa Costa Gomes, mas por vezes acontece, pelo que parto sempre para a leitura de mais um com aquela pepita de esperança. Sabem? Pode ser que este seja um dos. Sim. Pode ser.
Mas a probabilidade é baixa. O mais frequente é a esperança ver-se gorada. E foi isso mesmo que aconteceu com este Não Ir e Outras Formas de Chegar ao Porto.
Este conto é a história de um homem que vive com o sonho de ir ao Porto, mas por um motivo ou por outro acaba sempre por não ir. Fica o sonho, insistente. Aquela esperança que espelha a minha de gostar de um conto de Luísa Costa Gomes. E, tal como acontece comigo e os contos de Luísa Costa Gomes, também ele calha conseguir ir ao Porto. Muitos anos depois do sonho nascer e depois de muitas tentativas.
O conto é basicamente isto. Podia ser insólito mas não é. Podia ser magico-realista mas não é. Podia ser interessante mas não é. É apenas a história mundana de um tipo que queria ir ao Porto mas não ia. Até que foi. E o Porto tratou de o recompensar por isso.
Não foi agora, mas pode ser que um dia os contos de Luísa Costa Gomes também me recompensem. Haja esperança.
Contos anteriores deste livro:
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