Nos contos de fadas, pelo menos nos alemães, os ladrões e criminosos em geral têm sempre os seus covis em casas isoladas nas profundezas da floresta. Por isso é pena que os protagonistas dessas histórias não conheçam contos de fadas, pois poupar-se-iam a muitos dissabores. É certo que por vezes nesse tipo de casa também vive uma bondosa avozinha, ou uma simpática família de ursos, mas normalmente é gente daninha. Ladrões ou assassinos. Ou bruxas. Das más, claro.
E este O Noivo Ladrão, mais um conto construído pelos Irmãos Grimm a partir de outros dois, não é exceção. Trata, como o título indica, sobre um noivo ladrão que apesar de o ser consegue enganar um pai e levá-lo a prometer-lhe a mão da filha em casamento, mesmo estando esta relutante. Depois, o noivo insiste em que ela o vá visitar a sua casa, sozinha, no meio da floresta, servindo-se para a encontrar de um estratagema já achado noutros contos: a indicação do caminho por coisas deixadas cair a intervalos regulares. Aqui são cinzas; noutras histórias são migalhas, ervilhas, etc. Mas chegada à casa, a noiva é avisada por um pássaro numa gaiola que os que lá habitam não só pretendem matá-la, como tencionam também comê-la.
Trata-se, como facilmente se percebe, de um conto cautelar, cujo objetivo é inculcar nos ouvintes (e leitores, mas originalmente todas estas histórias destinavam-se a ser contadas, não lidas) a noção de que ir sozinho para o meio da floresta ou deixar-se levar por homens de falinhas mansas sem que se saiba realmente grande coisa sobre eles, não é grande ideia. Aplica-se a donzelas casadoiras, com certeza, mas não se aplica só a elas. E nisso é bastante eficaz.
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