Ora então cá reencontro o Fritz Leiber, depois de ter revisto uma tradução alheia desta mesma história e de algumas outras para uma edição portuguesa que já leva mais de uma década. Encontro em Lankhmar (bibliografia) é uma novela de fantasia, variedade espada e feitiçaria, uma das primeiras da longa série que Leiber fez protagonizar por uma parelha de improváveis aventureiros e ladrões chamados no original Fafhrd e Gray Mouser.
Na verdade, não se limita a ser uma das primeiras histórias da série; é a história fulcral, aquela em que os dois protagonistas se conhecem ao assaltarem ao mesmo tempo o mesmo grupo de ladrões na corrupta cidade de Lankhmar e ficam irmanados num desejo comum de vingança depois das várias peripécias que vivem na primeira parte da novela e de uma retaliação mortífera por parte da guilda de ladrões a que os ladrões assaltados pertencem.
Toda esta série é pulp até à medula, declaradamente inspirada em coisas como as histórias do Conan, do Robert E. Howard. E eu, como bem sabe quem costuma cá vir ler o que vou escrevendo na Lâmpada, não gosto de pulp. Mas julgo que sei ver quando um escritor faz bem aquilo que tenta fazer.
E Leiber, claramente, faz bem o que tenta fazer. O que ele tenta fazer é uma homenagem aos velhos pulps, criando um par de heróis (ou se calhar devia chamar-se-lhes anti-heróis) maiores que a vida, sempre prontos para mergulhar nos maiores apertos mas sempre capazes de sair deles, ainda que nem sempre sem um arranhão. E é o que faz. Os seus heróis não são super-homens, são até algo improváveis, e talvez por isso funcionem tão bem. Não que eu goste, que não gosto. Acho tudo isto simplista demais, demasiado formulaico e em vários aspetos duvidoso. Mas está bem feito.
Conto anterior desta publicação:
Sem comentários:
Enviar um comentário
Por motivos de spam persistente, todos os comentários neste blogue são moderados. Comentários legítimos passam, mas pode demorar algum tempo. Como sempre acontece, paga a maioria por uma minoria de abusadores. Parece ser assim que o mundo funciona, infelizmente.