quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Bob Leman: Loob

Finalmente um conto bom o suficiente para se aguentar à bronca de uma das típicas traduções desta versão portuguesa da Fantasy and Science Fiction!

Loob (bibliografia) é uma história de fantasia contada de forma sinuosa, com um cheirinho de ficção científica em versão viagens no tempo, história alternativa e alterações na linha cronológica. E também é o nome do protagonista da história. Ou melhor da alcunha, ganha porque o rapaz, com clara deficiência intelectual, não era capaz de pronunciar o seu nome — Luther — e por esse motivo era alvo da chacota dos outros rapazes.

É essa personagem que o narrador desta história culpa pela sua condição. Porquê? Que condição? É o que vamos descobrindo ao longo da narrativa, bastante bem tecida por Bob Leman, de uma forma sinuosa e sempre interessante. E sim, vai haver spoilers daqui para a frente.

O narrador é alguém que se lembra de um tempo em que a cidade onde vive e ele próprio eram coisas prósperas e cheias de futuro, em completo contraste com a decadência que o rodeia. Mas a cidade de que se lembra não é uma daquelas memórias longínquas de um passado distante: é algo bem mais próximo. Para ele as coisas não foram degenerando aos poucos. Um dia adormeceu no lugar próspero e na manhã seguinte acordou no decadente. E a partir daí começou uma espécie de cruzada para descobrir como e porquê. E descobre. Na pessoa do Loob.

O que descobre é que alguém ofendeu o Loob. E o Loob vingou-se, alterando de forma misteriosa o status quo temporal, mudando qualquer coisa no passado, o que teve como efeito secundário a decadência da cidade. Efeito secundário e involuntário, pois o Loob não tem a capacidade intelectual necessária para planear a cadeia de consequências que leva à decadência. É apenas algo como aqueles desabafos raivosos que por vezes temos, um "quem dera que Fulano nunca tivesse nascido". No caso do Loob, o desejo concretizou-se.

É uma boa noveleta, esta. Muito bem concebida e aparentemente bastante bem escrita, ainda que as falhas de tradução não permitam ter certezas. Seja como for, o resultado final é significativamente superior ao das outras duas histórias.

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