Era mesmo porreiro que o Isaac Asimov conseguisse (ou sequer tentasse, talvez) não ser misógino sempre que tenta ter piada. Teria mais piada, com toda a certeza, e os objetivos que tenta alcançar — porque é muito raro ele tentar apenas ter piada sem ter também o objetivo de fazer alguma espécie de crítica através do humor — seriam alcançados de forma mais limpa e eficaz.
Em A Construção do Espírito (bibliografia), mais um conto em que ele cita explicitamente Shakespeare, a ideia é fazer uma crítica a quem se serve da mentira para subir na vida. E claro que tinha de aparecer o surradíssimo cliché da bimba que procura marido rico, que ainda se torna mais sonífero quando se lê estas histórias em conjunto pois já não é a primeira vez que nelas aparece.
Mas adiante.
O protagonista deste conto é um menino rico que embirrou que haveria de ser detetive da polícia. E conseguiu. Só que tinha um problema: era incapaz de perceber quando as pessoas estavam a mentir, o que resulta na festa que facilmente se suspeita entre os criminosos da cidade. A todos ele soltava, porque todos os álibis lhe pareciam credíveis, por mais mirabolantes que fossem. Estamos na série do Azazel, portanto lá vem o Azazel resolver o problema, transformando o homem num detetor de mentiras humano. E com pleno sucesso. Ou talvez com sucesso a mais, porque não são só as mentiras dos criminosos que ele passa a detetar, mas todas as mentiras de toda a gente. Lá se vai noiva, lá se vão amigos, por aí fora.
Este é um conto razoavelmente interessante, no qual Asimov discorre sobre as vantagens e as desvantagens do cinismo aplicado à vida. É melhor que a maioria dos contos do Azazel. Mas continua a não ser um bom conto.
Contos anteriores deste livro:
Muito interessante este livro, fiquei curioso para ler.
ResponderEliminarArthur Claro
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