quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Mário-Henrique Leiria: Caso 2900/002 - 7.º B

Seria impossível que os contos de Mário-Henrique Leiria fossem sempre magníficos. Todos temos oscilações na qualidade do que escrevemos e, no que toca à FC, um autor que a praticou só ocasionalmente não poderia deixar de tropeçar no cliché de vez em quando, apesar de ter tido um contacto íntimo com o género durante vários anos, pelo menos, por ter feito traduções para a coleção Argonauta.

No caso deste Caso 2900/002 - 7.º B (bibliografia) — cujo título, talvez em parte por coincidência pois julgo que na época ainda não havia códigos postais compostos, faz lembrar um endereço — temos aquela situação clássica em que um alienígena desastrado, sem nada saber sobre os costumes e/ou instituições humanas, faz um contacto desastroso devido a uma soma de incompreensões e mal-entendidos. Começa por pousar a nave no meio de um estádio de futebol onde se desenrolava um jogo e acaba a levar porrada. E o caso de direito é aqui uma reflexão sobre as origens psicológicas e sociológicas da agressão.

O objetivo é, claro, contrastar os usos e costumes da galáxia civilizada com os deste planeta (e mais especificamente deste país) bárbaro e atrasado. Mas também isso é cliché neste tipo de contos. Leiria compensa parcialmente os clichés tendo verdadeira piada, mas não o suficiente para evitar que este conto fique vários degraus abaixo dos anteriores.

Textos anteriores deste livro:

Sem comentários:

Enviar um comentário

Por motivos de spam persistente, todos os comentários neste blogue são moderados. Comentários legítimos passam, mas pode demorar algum tempo. Como sempre acontece, paga a maioria por uma minoria de abusadores. Parece ser assim que o mundo funciona, infelizmente.