Duas páginas de história fantástica, este O Rio que Bebeu o Homem começa quase como uma história de terror. Um homem surge a boiar num rio, claramente morto, causando consternação aos habitantes da região e levando-os a tentar recuperar o cadáver, para lhe darem um fim condigno e para evitarem que a decomposição do corpo lhes estrague a água. Mas Mia Couto não dá às suas personagens tarefas assim tão simples: por mais que porfiem, por mais numerosas e engenhosas as suas estratégias, os populares não conseguem retirar o homem do rio.
O prodígio torna-se claro quando, não contente com impedir que o cadáver dele saia, o rio parece decidir que a melhor forma de ficar com ele é conduzi-lo de volta rio acima, e é o que faz, puxando o corpo contra a corrente até à foz. Aí... bem... aí compreende-se a razão do título.
É um conto fantástico bastante bom, este, mas falta-lhe aquele significado subjacente, aquele nível mais profundo de leitura, que enriquece tantas das histórias de Mia Couto. Ou lhe falta ou sou eu que não o encontro, o que é perfeitamente possível. Seja como for, é um bom conto.
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