As velhas lendas das Ilhas Britânicas, um pouco ao contrário das nossas, que sobreviveram com dificuldade (as que sobreviveram) a séculos de catolicismo muitas vezes violentamente intolerante com tudo o que saísse do estrito cânone bíblico, mantiveram-se vivas o suficiente para servirem de matéria-prima a centenas de escritores que, sobretudo a partir do século XIX, as exploraram das formas mais diversas. Uma dessas lendas é a do bosque encantado, protegido pela magia dos povos antigos, duendes e fadas e coisas do género, onde tudo é natural ao mesmo tempo que tudo é sobrenatural. E este Luzes Antigas (bibliografia) explora precisamente essa ideia.
O protagonista é um agrimensor que é chamado a uma propriedade no noroeste de Inglaterra cujo proprietário quer fazer alterações na paisagem. O conto é curto; Algernon Blackwood não tem muita história para contar, pelo que não precisa de se estender. Mas a que tem é quase surreal, e certamente muito onírico, pois o pobre do agrimensor vai ter contacto com a magia dos tais lugares protegidos de que falei acima; um bosque em que nada é como se esperaria que fosse e tudo parece consequência da travessura intrínseca às criaturas das florestas. Uma travessura ameaçadora, potencialmente perigosa.
Não é um conto particularmente memorável, este; talvez seja demasiado curto para isso (e daí... conheço vários contos curtos basicamente inesquecíveis), ou talvez seja o facto de seguir caminhos que já vi seguidos noutros textos que o impeça de o ser. Mas é um bom conto. Blackwood, mais uma vez, cria muito bem o ambiente que pretende criar, no que cada vez mais me parece ser a sua melhor qualidade.
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