Bradbury tem uma série de histórias (quase sempre ambientadas no outono do Halloween) em que crianças encaram de forma natural os acontecimentos sobrenaturais com que se deparam, acolhendo fantasmas e outras manifestações mais ou menos fantasmagóricas sem sombra de medo, antes com fascínio e curiosidade. E eu, agora, ao ler esta noveleta de Algernon Blackood, pergunto-me se terá sido aqui que ele foi buscar a ideia.
É provável que não. Afinal, já nos contos tradicionais se encontram histórias assim, embora essas sirvam normalmente como histórias cautelares, avisos, nos quais as crianças que assim agem encontram fins terríveis ou só conseguem salvar-se depois de muito penar. Mas este A Outra Ala (bibliografia) assemelha-se tanto a algumas dessas histórias que também me parece provável que sim.
Esta é uma história de casarão assombrado, protagonizada por um pequeno aristocrata que vive num daqueles solares ingleses, uma de cujas alas está encerrada. É essa a ala habitada por fantasmas, incluindo, acha ele, o fantasma do avô. E a Soberana, ou Dama do Sono, a qual o visita regularmente antes de adormecer. Como qualquer criança imaginativa, o pequeno constrói histórias e explicações muito suas para os estranhos fenómenos com que se depara, acabando por se salvar (e à casa) de um incêndio, anos mais tarde, graças a essas histórias.
É que as histórias, afinal, eram a realidade.
Este é outro bom conto, embora não tanto como Os Salgueiros. Toda a narrativa está muito bem construída, mas há nesta história uma série de clichés que não encontrei na novela que abre o livro. O conto de fantasmas inglês tem características bem marcadas, que aqui estão muito presentes.
Conto anterior deste livro:
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