segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Lido: Da Mayor Speriencia

Na ficção científica lusófona são relativamente poucas as ficções que têm no tratamento do texto o seu fulcro essencial e menos ainda as que o fazem bem feito, não só no que toca ao tratamento do texto propriamente dito mas também no não descurar da história. Este Da Mayor Speriencia é, por isso, uma absoluta raridade. Estamos em Portugal, nos idos de mil e trezentos, em pleno reinado de El-Rei D. Fernando, e este, regressado de uma expedição de caça por bandas que mais tarde viriam a ficar conhecidas como Beira Alta, relata por escrito um estranho encontro com mais estranha ainda criatura que dir-se-ia não poder pertencer à divina criação.

O notável deste conto é estar escrito com um respeito profundo pelas crónicas da época, obedecendo-lhes não só em estilo, mas também em vocabulário e até em grafia, relatando um encontro entre um nobre medieval e um extraterrestre acabado de sair de um disco voador, sob o ponto de vista do primeiro, com todas as limitações e os erros de perspetiva a isso inerentes. Mais notável ainda é ter-nos sido tal obra legada por um escritor brasileiro que não é conhecido pela generalidade das pessoas interessadas por FC, não só em Portugal como, suspeito, até no seu Brasil natal: Nilson Martello.

Porque este, meus caros, é um conto muitíssimo bom, provavelmente o melhor conto de FC ufológica que eu já li. É para mim incompreensível que não seja mencionado com maior frequência.

Contos anteriores deste livro:

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