É uma constante nos últimos contos desta antologia: Vuelo Libre aparece mais uma vez como um bloco quase único de texto, no qual o único sinal daquilo que deveriam ter sido parágrafos são espaços mais longos a separar algumas frases. E, tal como acontece com os outros contos que sofrem deste erro sistemático, também a leitura desta história de Federico Schaffler se vê bastante prejudicada por ele.
Por entre os erros de paginação consegue-se perceber que se trata de uma história interessante de ficção científica hard, sobre um sistema semiautónomo alado, dotado de uma IA limitada e de nanitos e parcialmente controlada remotamente por operadores humanos, cujo objetivo é produzir energia ao mesmo tempo que despolui os céus da Cidade do México (ou talvez seja mais adequado falar da Megalópole do México), e que acaba por ser desviado dessa função por um desses operadores que o autonomiza e põe em voo livre ao longo de todo o planeta, recuperando a atmosfera.
Cheio de ideias interessantes, este conto peca, no entanto, por um excesso de infodumps e de descrição. Dedica muito tempo a apresentar o cenário e muito pouco a desenvolver personagens e enredo e isso desequilibra-o. Parece-me, portanto, que teria mais impacto se fosse desenvolvido numa história mais ampla, na qual as (boas) ideias viessem acompanhadas por personagens bem desenvolvidas e um enredo mais sólido. Assim, poderia deixar de ser apenas interessante; poderia tornar-se muito bom. Mas não é isso o que aqui temos, e é pena.
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