O Jovem Conservador de Direita (perdão: o doutor Jovem Conservador de Direita) é um projeto de humor, carregado de ironia e sarcasmo e com muita, muita piada, que ganhou projeção no Facebook e chegou às páginas dos jornais (o Dr. JCD teve uma crónica semanal no i, se bem me lembro, e há vários artigos sobre ele; um exemplo; outro exemplo) e a livro, cuja capa decora este meu post. Não, não li; pelo menos não li todo. Li muitas das crónicas publicadas antes de ele sair e que julgo fazerem parte dele. E basta-me isso, francamente, para o recomendar.
Mas não é do livro que quero aqui falar, é de outra coisa.
Recentemente, o Dr. JCD foi alvo de um ataque concertado no facebook por parte da extrema-direita, incomodada (como de resto quase toda a direita e até a parte mais burra da esquerda, que não compreende que aquilo é humor) com a forma como é ridicularizada. Nada de invulgar nem de inesperado: a extrema-direita é assim e sempre assim será.
O que é invulgar e de certa forma inesperado é o Facebook ter aceite as queixas e eliminado a página do Jovem Conservador de Direita, sob a absolutamente ridícula desculpa de fazer "discurso de ódio". A personagem revelou-o no twitter, nestes moldes:
O Facebook analisou o meu recurso e decidiu eliminar de vez a minha página. Os denunciadores estão de parabéns. #liberdadedeexpressão— Jovem Conservador de Direita (@JCdeDireita) December 20, 2017
Ora bem, isto para mim marca uma fronteira. Se até agora tenho usado as redes sociais, em especial o twitter, para publicar algumas coisas, nomeadamente coisas mais afastadas dos livros, é muito provável que passe a fazê-lo cada vez menos e passe a usar as redes sociais cada vez mais em exclusivo para divulgar o que publico noutros sítios. Estar-se dependente de um instrumento que protege a extrema-direita (são às centenas os fachos e as páginas de fachos no facebook) e censura a sátira é, numa palavra, burrice. Não há outro termo. Portanto é muito provável que a Lâmpada vá deixar de ser o blogue quase exclusivamente de livros e leituras que tem sido nos últimos anos e passe a ser mais variado, como era no início, incluindo bastante mais política, humor, coisas pessoais, enfim, tudo aquilo que é o dia-a-dia de publicações nas redes sociais.
E mais: apelo a que todos façam o mesmo. Não que saiam das redes sociais (embora essa também seja uma opção, que de resto há bastante gente a tomar), mas que as usem de uma forma diferente. Principalmente, que não se limitem, que não se encarcerem publicando em exclusivo nas redes sociais, mas usem os blogues para publicar e as redes sociais apenas ou primordialmente para divulgar o que publicam. Assim, não só o material não se perde se alguma dessas redes se armar em parva como o facebook fez agora, como podem chegar a um público muito mais vasto publicando na internet aberta do que na cidadela cada vez mais fechada e cheia de bolhas de visibilidade e invisibilidade que são as redes sociais.
E isto tanto serve para o humor e a política como para os livros. Tanto serve para o facebook como para o goodreads ou o skoob.
Pensem nisso. Em tudo isto.
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