Após um longo hiato, regressam aqui à Lâmpada as opiniões sobre as historinhas (e poemas, que é o que alguns destes textos são) de Luiz Bras. E regressam com Presas e Predadores, um conto profundamente político sobre o choque que o protagonista sente quando se apercebe da natureza de um mundo em que tudo parece resumir-se à relação entre presas e predadores. A estranheza insinua-se nos parágrafos curtos, e o leitor fica como outra personagem qualquer: sem entender lá muito bem de onde vem todo aquele choque, toda aquela... surpresa. Será que o homem enlouqueceu? É que, convenhamos, nada daquilo é propriamente novidade. Esta nossa bela Terra está repleta de canalhas, de gente que se julga no direito de atropelar tudo e todos para alcançar os seus fins.
E depois chega o final e os pontos trepam para cima dos is. Estamos no campo da ficção científica, mesmo que bem soft, quase saramaguiana, em certo sentido (refiro-me, naturalmente, ao Saramago do Ensaio Sobre a Cegueira), e o homem não é de cá. Não exatamente de cá, pelo menos. Um continho muito bem escrito e bastante bem concebido e executado.
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