Se este fosse um dos contos dos Irmãos Grimm, seria (re)composto com uns bocadinhos daqui e outros dali e formaria um todo enxuto e despido de badalhoquices. Mas é um dos contos recolhidos por Adolfo Coelho e por isso não só nos aparece incompleto, pois a pessoa que lho contou não se lembrava de parte da história e por isso deu um salto na narrativa, como tem como única concessão ao bom gosto e à decência novecentista o facto de não escrever por extenso a palavra "caga" na exclamação "C... aí! C... aí!"
A História do Grão-de-Milho é, claro, um conto fantástico (vertente maravilhoso), cujo protagonista é filho milagroso de um casal que o pediu a Nossa Senhora, por terem-se passado demasiados anos sem filhos, de forma tão desesperada que o aceitariam mesmo que fosse do tamanho de um grão de milho. Dando provas de infinita bondade (ou se calhar não), a milagreira subdivindade deu-lhes mesmo um filho do tamanho de um grão de milho e o que move a história são os problemas e vantagens que a criança tem por ser tão pequena. No fim, tudo acaba em bem.
O conto é etnograficamente interessante, fazendo-me lembrar um pouco um conto infantil que me leram em miúdo, O Pequeno Polegar (e este é dos dos Grimm), mas literariamente nem por isso, e não só por causa da solução de continuidade.
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