É curioso como começa a parecer-me que os contos que, nesta série do Azazel, estão mais bem conseguidos são aqueles em que Isaac Asimov se debruça sobre algum aspeto do mundo literário e da condição do escritor. Tempo Para Escrever (bibliografia), como de resto o próprio título já o indica, é um desses contos.
O protagonista é um escritor razoavelmente frustrado, o que de resto é condição comum na classe. E também razoavelmente paranoico, pois parece estar convencido de que o universo inteiro conspira para o fazer perder tempo, o qual melhor seria empregue se estivesse a utilizá-lo para escrever. Problema bicudo que, já se percebe, está mesmo a jeito de ser resolvido pelo demoniozinho. E claro que lá vem ele.
E claro que a solução que o demónio arranja, resolvendo o problema — o homem passa de um dia para o outro a ter todo e qualquer desejo satisfeito na hora — não resolve o problema. Porque o escritor é um bicho complicado e a insatisfação é parte daquilo que gera o impulso criativo. Esta é a tese de Asimov, pelo menos. Sem insatisfação a máquina emperra, e o homem, longe de passar a escrever mais, passa a escrever menos.
Um conto bastante bom, este.
Contos anteriores deste livro:
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