Para mim, uma das coisas mais interessantes nestes contos sobre o demónio Azazel, bastante mais que a maior parte dos enredos, o demónio, o resto das personagens ou o humor, é a forma metamorfoseada como neles ressurgem algumas ideias que Isaac Asimov desenvolveu mais aprofundadamente noutros sítios. Neste A Salvação da Humanidade (bibliografia), por exemplo, aparecem os computadores como ameaça à humanidade (ou pelo menos vistos como tal), um dos fios condutores de toda a série sobre os robôs positrónicos. E também aparece outra característica dos contos sobre robôs positrónicos: a resolução de um problema, inteiramente lógica mas talvez inesperada.
A história é sobre um desgraçado que é perseguido pelo azar. Ou pelo desastre, talvez mais propriamente. Sim, que a coisa é de tal forma intensa que ele se sente culpado por todas as pessoas que vitimizou involuntariamente devido às consequências da sua falta de sorte. Eis senão quando confessa a quem tem o poder de invocar o demónio Azazel que o que mais desejava era poder compensar a humanidade por todo o mal que lhe causou. Isso, claro, e livrar-se da má sorte. E o homem lá invoca o demónio, e este lá resolve o problema, embora não, claro, sem que a solução tenha consequências não inteiramente agradáveis.
Este é um conto que regressa à fórmula comum à maioria destas histórias, o que me leva a não gostar lá muito dele, mas também é um conto que apresenta um problema lógico e a sua resolução, o que sempre lhe confere algum interesse. Gosto bastante mais dos contos de robôs que têm por base o mesmo tipo de problemas — até porque os próprios problemas são mais adequados em contos com personagens mecânicas — mas acabei por gostar mais desta história do que de algumas das anteriores.
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