terça-feira, 11 de agosto de 2020

Mário-Henrique Leiria: Caso 37 007 339 - 3º VIII

Quem não se lembra dos exercícios de matemática que passou horas a resolver na escola, com graus variados de sucesso dependendo do aluno e provavelmente das capacidades pedagógicas dos docentes? Pois quem vai para direito tem outro tipo de exercícios para resolver, ou pelo menos para analisar: casos práticos de direito. Ora, há já uns anos valentes, Mário-Henrique Leiria pegou nesses casos e imaginou-os como seriam numa civilização galáctica multi-específica, na qual convivessem, nem sempre pacificamente, uma série de alienígenas, cada qual com as suas características e cultura.

Um dos resultados é este Caso 37 007 339 - 3º VIII (bibliografia). Refere-se o caso a um mal-entendido grave entre um rastejador polipoide de Algol-7, caixeiro-viajante, e um inseto-voador do planeta Crostol, em resultado do qual o primeiro cegou cerimonialmente o segundo. O caso é descrito sumariamente, entre a queixa, o julgamento e a sentença, e no fim o estudante terá de responder a uma pergunta.

O mais interessante neste conto, porque de um conto se trata, ainda que disfarçado de texto não-ficcional e integrado numa série em que é mais o relevo que se dá ao título global do que a títulos individuais de cada um, é a capacidade que Leiria mostra de criar criaturas alienígenas bem mais alienígenas do que é comum encontrar-se em obras de FC mais reputadas e conhecidas e sim, falo também de muita coisa vinda dos States ou do Reino Unido. Isso e a criação de verdadeiros dilemas jurídicos, baseados nas características biológicas e culturais das várias criaturas, ao mesmo tempo que não deixa de ter a piada que é comum encontrar-se nos contos dele.

É francamente bom, este conto. E os próximos também o são (estou a relê-los e já sei com o que conto).

Texto anterior deste livro:

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