quarta-feira, 18 de novembro de 2020

David Soares: A Sombra Sem Ninguém

Antes de começar propriamente a falar deste conto tenho de fazer uma ressalva: a sua leitura foi seriamente prejudicada pela vida, e é natural que esse facto se reflita na opinião que dele me ficou. Estava a meio quando a minha mãe partiu a perna, houve ali um período razoavelmente longo, de umas três semanas, em que não li nada em papel, tendo-me limitado a leituras digitais (especialmente o livro que estou agora a traduzir mas também outras coisas), e quando recomecei a ler em papel e voltei a pegar neste A Sombra Sem Ninguém (bibliografia), muito francamente, não estava com a cabeça muito virada para este tipo de literatura, nem com grande atenção para as subtilezas que contos deste género costumam conter.

De modo que, olhem, o que segue vale o que vale. Isto é sempre verdade (e não só aqui na Lâmpada; é uma verdade universal, que se aplica desde as opiniões mais básicas nos Goodreads e Amazons da vida às elaboradas teses académicas em faculdades de prestígio), mas neste caso é-o um pouco mais do que é costume por aqui.

Começando pelo estilo literário, nesta história, e suspeito que em todo este livro (o que mais tarde confirmarei ou desmentirei), David Soares já tinha dado início ao caminho que o iria levar a um estilo tão eriçado de bizarrias lexicais que se torna penoso de ler, mas ainda não o levara a todas as suas consequências pelo que o conto até se lê bem, pesem embora uns sobressaltozinhos aqui e ali.

E a história até é interessante, ou seria se a minha cabeça tivesse estado para aí virada. Com uns pozinhos de horror cósmico, um vago cheirinho a ficção científica (ou não tão vago assim, uma vez que termina no futuro longínquo), conta a história de alguém que é capaz de ver umas estranhas criaturas, aparentemente transdimensionais, a que Soares chama "elementais". De ver e de interagir com elas, o que tem efeitos desastrosos.

Mas como a minha cabeça não esteve particularmente sintonizada nele ao longo da leitura, este conto aborreceu-me. Talvez um dia o volte a ler numa altura mais propícia, especialmente se os contos seguintes me interessarem mais do que este interessou. Se assim for é provável que o refira aqui na Lâmpada, e a opinião "que vale" passe a ser essa. Mas pelo menos por enquanto esta é a que temos.

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