domingo, 13 de outubro de 2019

Aí vem mais um dos "meus"!

Discretamente, a Saída de Emergência pôs há dias em pré-venda (e com brinde) a minha tradução mais recente, cuja capa podem ver aqui ao lado. Disponível a partir de 8 de novembro, este O Armazém, de um autor que eu desconhecia até pegar nele, Rob Hart, é um livro de ficção científica de futuro próximo que também pode ser visto como uma distopia político-económica. E não estou a dizer nada que não se possa compreender lendo a sinopse.

Por falar em sinopse, ei-la:
A CLOUD NÃO É APENAS UM LUGAR PARA TRABALHAR. É UM LUGAR PARA VIVER. E QUANDO LÁ SE ENTRA NUNCA MAIS SE QUER SAIR.

Paxton nunca pensou que trabalharia como segurança para a Cloud, o gigante da tecnologia que domina a economia americana depois do desaparecimento do comércio tradicional na sequência de uma série de assassínios em massa. Muito menos que se mudaria para as instalações em expansão onde é possível viver e trabalhar. Mas quando se compara com tudo o resto que existe, a Cloud não é assim tão má. E quando conhece Zinnia, as coisas melhoram com a esperança de um futuro partilhado.
Mas Zinnia não é o que parece. E Paxton, com acesso a credenciais de segurança, é o peão perfeito para ela descobrir os segredos mais negros da empresa. À medida que a verdade sobre a Cloud se vai revelando, ambos terão de perceber até onde a empresa está disposta a ir para tornar o mundo num lugar melhor.
O Armazém é um thriller brilhante sobre um futuro próximo e o que acontece quando o Big Brother se junta ao Big Business... e quem pagará o preço final.
Sim, é isso mesmo. Trata-se de um livro que pega em tendências socioeconómicas muitíssimo atuais e práticas empresariais de empresas muito concretas (a Cloud pode ter esse nome, mas o nome que não me largou a cabeça ao longo da leitura inicial e da tradução é outro, um nome de três sílabas que faz lembrar um certo e determinado rio) e as extrapola para uma década ou duas no futuro, acompanhando alguns meses da vida de um punhado de pessoas inseridas nesse futuro. É sobretudo uma reflexão inteligente sobre o rumo do capitalismo predatório, neoliberal e cada vez mais monopolista que temos e da forma como ele ameaça tomar conta também do discurso ambientalista, obviamente para proveito próprio. Um livro sobre o presente, portanto, como de resto sempre acontece na ficção científica, e sobretudo na FC de futuro próximo.

Não foi livro que me tivesse criado muitas dificuldades à tradução, ao contrário do que muitas vezes acontece quando se traduz ficção científica. A tecnologia que aqui aparece é pouco mais avançada que a tecnologia contemporânea e o mundo é o nosso, levemente projetado num amanhã que não canta lá muito, pelo que não existem grandes neologismos a reinventar; foi só questão de pesquisar alguns termos em uso, descobrir que são quase todos anglicismos, lamentar o facto, e usá-los sem pestanejar.

Mas foi um livro que gostei bastante de traduzir. Por me trazer de volta ao meu género preferido, claro, depois d'Um Estranho Numa Terra Estranha do Heinlein, mas também por tê-lo achado muito relevante para os tempos que correm e para uma reflexão muito fundamental sobre que sociedade queremos ter no futuro próximo e que espécie de abordagem queremos usar face às enormes ameaças que pairam sobre a civilização humana neste planeta, com as alterações climáticas à cabeça.

E além do mais, é dedicado a uma lusoamericana, nascida no Massachusetts, filha de pais portugueses que foram para a América em busca do sonho americano. Mas não foi o que ela encontrou, muito longe disso.

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