terça-feira, 22 de outubro de 2019

Ray Bradbury: A Ficha de Pôquer Sempre Atenta de H. Matisse

Já aqui falei por variadíssimas vezes dos temas comuns na obra de Ray Bradbury, temas e ambientes a que ele tende a voltar uma e outra vez ao longo dos seus contos e romances. Mas é mais raro falar de coisas raras, até pela sua própria raridade. Ora, este A Ficha de Pôquer Sempre Atenta de H. Matisse (bibliografia) é um dos contos cuja principal característica é uma dessas raridades: o humor.

Um humor à Bradbury, naturalmente, entretecido a qualquer coisa de macabro e a muito de insólito.

A história centra-se num chato muito chato que, por ser um chato muito chato, se torna no centro das atenções dos hipsters do tempo (julgavam que isto dos hipsters era coisa de agora? Ná!), que o elevam a inspirador de um "movimento literário". E o homem fica nas suas sete quintas, descobrindo que adora ser o centro das atenções.

O problema é que essa condição é de vida breve, especialmente se a única qualidade que para ela contribui é a chatice. E assim, os amigos começam aos poucos a afastar-se, para seu grande desapontamento. Mas depois tem uma ideia: há que arranjar alguma novidade para os manter interessado. A solução é drástica e insólita: algo a que se poderia chamar "mutilação criativa". Primeiro arranca um olho e substitui-o por uma ficha de póquer pintada por Matisse, depois, quando nem isso já chega, passa a mutilações mais drásticas, e por aí fora.

Este é um conto cujas maiores qualidades são ser divertido e bastante imaginativo, mas não deixa por isso de ser um conto de Bradbury, com as características inerentes a esse facto. Um bom conto de Bradbury, sublinhe-se.

Contos anteriores deste livro:

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