quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Paulo Moreira: Filho da Mãe

Mais um conto fúnebre escrito com bastante sensibilidade. E vão dois em pouco tempo, depois de Esta Casa não Foi Feita de Paredes, encontrado noutra antologia que também ando a ler. Curiosa coincidência. E há muito em comum entre as duas histórias. Aqui, Paulo Moreira fala também de um filho que chega à casa do familiar falecido — e também aqui esse familiar é a mãe — com a intenção de recuperar dela o que achasse que deve recuperar, encontrando sobretudo memórias. Mas também há diferenças, nomeadamente uma reviravolta final que não é muito surpreendente porque se faz anunciar com certa antecedência mas cuja descoberta constitui boa parte do que faz andar a narrativa deste Filho da Mãe, pelo que não falarei dela aqui.

Uma coisa que me incomodou neste conto foi uma forte dissonância entre o tema melancólico, acompanhado pelo enredo, igualmente melancólico, e o estilo de Moreira, composto quase inteiramente por frases muito curtas, quase sincopadas, que parecem muito mais adequadas para uma narrativa ágil de ação do que para um conto como este. Disso não gostei, especialmente de início, ainda que com o avançar da leitura essa dissonância me fosse incomodando cada vez menos. Como nunca tinha lido nada dele, não sei se foi propositado, isto é, se Moreira decidiu escrever assim esta história em concreto, ou se é o estilo que usa habitualmente. Mas não me agradou.

Tirando esse detalhe, no entanto, o conto é interessante e está bem concebido. Não posso dizer que tenha gostado dele, propriamente, mas também não deixei de gostar.

Contos anteriores deste livro:

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