quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Helena Marques: O Tratado

Nunca tinha lido nada da Helena Marques e não fiquei bem impressionado com este continho de pouco mais de duas páginas sobre um triângulo amoroso pouco convencional. Pouco convencional no sentido de contar uma mulher e dois homens, todos saberem uns dos outros e encararem a situação com a maior das calmas e descontrações, mesmo quando a mulher decide acabar com ele e tornar-se monogâmica. O motivo do título O Tratado percebe-se na última frase do conto, que funciona como final surpresa, pelo que não falarei dela.

O conto até está bem escrito, mas o interesse que me despertou, francamente, foi nulo. Não tenho paciência alguma para este tipo de história intimista sobre relações: sou completamente desprovido do instinto mexeriqueiro que em grande medida cria o público para elas. Quando, na vida real, me vêm falar de fulano que fez não sei o quê a fulana e patati e patata e vice-versa, o que é abençoadamente raro, encolho os ombros e mudo de assunto. A vida dos outros é coisa que só me interessa se afetar a minha; de resto, vivam-na à vontade como acharem melhor. E esta atitude tem prolongamento natural nas histórias literárias, cinematográficas, por aí fora. Histórias de mexericos, mesmo que, como esta, tenham um fundo relativamente irónico, só me despertam mesmo chatice. Sono. Vontade que acabem depressa para eu poder dedicar o meu tempo a alguma coisa com algum interesse. Então estes três vivem numa relação triangular e depois deixam de viver? Eh, pá, quero lá saber.

Há públicos e públicos e cada um tem o seu. Helena Marques não é para mim.

Conto anterior deste livro:

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