terça-feira, 29 de outubro de 2019

Ray Bradbury: A Jarra

Coisas, de preferência estranhas. Há todo um subgénero (ou um subsubgénero) na literatura fantástica que gira em volta delas. Objetos misteriosos, por vezes com o seu quê (ou mais que o seu quê) de sobrenatural, que causam efeitos variados às pessoas que com eles contactam. E A Jarra (bibliografia) é um desses objetos.

A história passa-se no delta do Misssissípi, terra misteriosa por excelência. Aí, um homem daqueles que, de tão pequeninos, parecem andar sempre com diminutivo atrás deixa-se fascinar por uma jarra (ou um frasco) com uma coisa dentro que encontra numa feira. Que coisa? Ninguém sabe, e ele também não. Mas o fascínio é forte, a tentação também, e ele acaba por comprar o objeto, levando-o para casa, numa aldeola relativamente distante.

Ray Bradbury descreve depois como a jarra, ou melhor, o seu misterioso conteúdo, impacta cada habitante da aldeola. Dos céticos, entre os quais avulta a mulher do homenzinho, que não o respeita e se ressente da súbita popularidade que ele ganha a reboque do objeto, aos crédulos, quase todos, cada um dos quais tem a sua teoria própria sobre a natureza daquela coisa. Ao fazê-lo, e ao rematar o conto como remata, diz-nos o que está implícito nesta história: que cada pessoa cria a sua própria realidade, com base não só nas suas crenças mas também, ou talvez sobretudo, nas suas necessidades.

Não tão bom como alguns dos outros contos do livro, este conto não deixa de ser também muito bom.

Contos anteriores deste livro:

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