Mais um conto recolhido por Adolfo Coelho em Coimbra, mais um conto em que o burilamento da língua marca presença, mas sem que esse burilamento da língua venha acompanhado de grande elaboração narrativa. E esta história até que daria para isso.
Trata-se de uma versão da célebre lenda de São Jorge, o matador de dragões venerado pelos cristãos, misturada com outra história cristã, a do pescador que pesca um peixe que lhe pede que o poupe. E mais uma vez temos um rei que promete a mão da filha ao aventureiro que consiga resolver-lhe um problema, o que parece ser dos temas mais comuns neste tipo de história. No caso, o problema é um dragão, ou bicha de sete cabeças (o conto usa os dois termos), que anda a causar grande devastação e o rei quer ver morto. Jorge mata-o, o rei quer casá-lo mas Jorge, por ser santo, recusa, mas tudo acaba em bem como tem de ser.
Além de abrir portas a desenvolvimentos abundantes e potencialmente interessantes, o que mais curioso achei neste conto foi a identificação da bicha de sete cabeças (mais uma vez no feminino e não no masculino, como eu sempre conheci) com o dragão, tratando esses dois exemplos de criptozoologia como uma e a mesma coisa. De resto, é uma história que corresponde ao que seria de esperar, promovendo valores de lealdade e honra numa rápida historinha de menos de duas páginas.
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