Não podia faltar, claro. Um livro de Jorge Luis Borges sem um conto pseudofactual mal pareceria um livro de Jorge Luis Borges.
Neste caso somos apresentados a A Seita dos Trinta, uma peculiar seita cristã que Borges descreve por intermédio da transcrição (e tradução) de um velhíssimo manuscrito datado do século IV. Este, incompleto, é de cariz fundamentalmente teológico, discorrendo com alguma demora sobre as heréticas práticas e ideias da seita, apesar de também se referir um pouco à sua história. Tudo falso, naturalmente.
Não costumo gostar deste tipo de texto pseudofactual, embora haja algumas exceções entre as quais avultam vários contos do próprio Borges, que é, de longe, o melhor escritor a fazer textos destes que eu conheço. Mas esta história não pertence às exceções: nada nela conseguiu realmente interessar-me, e o facto do manuscrito estar incompleto acrescenta a esse pouco interesse uma marca adicional de frustração: quem sabe se a parte interessante não estaria na parte que se perdeu? Reconheço que é precisamente esse o efeito pretendido, e que portanto Borges teve pleno sucesso no que se propôs fazer (ou seja: o conto é bom), mas mesmo assim não me agradou.
Contos anteriores deste livro:
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