Contrariamente a todos os contos anteriores deste livro dos Irmãos Grimm, e já são muitos (e ainda pouco passa de metade deste volume e ainda há mais dois), este O Casamento da Senhora Raposa não é um conto mas dois.
Trata-se de duas versões, razoavelmente diferentes, de um conto sobre a vida conjugal de uma raposa das das fábulas (logo, antropomorfizada). São dois continhos bastante curtos, com menos de duas páginas cada e cheios de falas em verso, o que ainda os encurta mais, e contam a procura da raposa viúva (num deles estava realmente viúva, no outro apenas se julgava) por um novo marido. Não há grande corropio de pretendentes, como na famosíssima história da Carochinha, mas eles não deixam de aparecer e, quando a raposa faz a sua escolha, dá-se o desenlace, bastante divergente entre um conto e o outro.
É precisamente esse o principal interesse deste(s) conto(s): o facto de um fundo comum poder levar a uma divergência tão acentuada no desfecho e na moral da história. No primeiro, bastante cínico, o raposo não estava realmente morto e reaparece em pleno casamento pondo tudo na rua, mulher, noivo e convidados; já no segundo, delicodoce, a raposa arranja outro raposo e tudo acaba em bem. É como se o primeiro fosse contado com base no ponto de vista de um marido ciumento e o segundo no da pobre viúva. E se calhar foi precisamente assim que as duas versões se originaram.
Tirando isso, porém, estes contos pouco interesse têm.
Contos anteriores deste livro:
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