segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Lido: O Senhor das Janelas Verdes

Já o tinha dito e, porque vem a propósito, repito: muitos contos populares soam a histórias muito antigas que ao longo dos anos foram incorporando uns elementos e perdendo outros, e um subconjunto desses contos parece ter ganho uma camada mais ou menos espessa de mitologia cristã. É o caso deste O Senhor das Janelas Verdes que além disso, não sei se por influência de Adolfo Coelho (mas duvido), até que não é mau enquanto literatura propriamente dita.

A história é mais uma das muitas em que há uma princesa casadoira mas caprichosa, que só aceita casar com quem seja capaz de satisfazer uma certa condição (e é curioso que tantas histórias tradicionais apresentem princesas caprichosas, quando a história as mostra mais sujeitas aos caprichos das conveniências políticas dos pais que outra coisa). Mas quando lhe aparece o Senhor das Janelas Verdes a satisfazer essa condição a princesa mesmo assim não fica satisfeita, apela à Nossa Senhora, esta intervém a seu favor e após mais algumas peripécias tudo acaba em bem com a princesa casada com outra pessoa (uma pessoa que lhe dá o valor que merece, isto é, que a ama por ser bela... e assim se deseducam as criancinhas...) e feliz.

Há neste conto uma elaboração da prosa que não é muito comum neste livro, mas não deixa de ser um conto algo desconexo, em que o elemento cristão parece enxertado um pouco à pressão para contentar o pároco da aldeia (OK, ele foi recolhido em Coimbra... mas percebem a ideia). Não me parece ser dos contos mais interessantes e/ou que mais pano deem para mangas que aqui se podem encontrar.

Contos anteriores deste livro:

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