sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Lido: Cannibal Farm

Histórias de detetives são coisa já com provas dadas na literatura, apesar de serem relativamente recentes, só tendo realmente nascido em finais do século XIX. Histórias de detetives futuristas são mais raras mas também estão longe de ser novidade; no fundo é isso mesmo o que o Rick "Blade Runner" Deckard é. Mas se o protagonista de um dos melhores filmes de FC de todos os tempos é um detetive/assassino respaldado pela lei decididamente noir, a dupla criada por Ron Goulart é basicamente cómica. Sim, mesmo com um título tão sombrio como Cannibal Farm.

Estamos no futuro, claro. No território dos estados independentes sucessores dos atuais EUA (e provavelmente noutros pontos do globo também), uma praga, a doença dos cães loucos, está a causar mortes. Nesse contexto, os ultradetetives de Goulart são contratados para investigar o desaparecimento de um tal Dan Lampkin, agente infiltrado da FDA que andava pelo Império do Texas a investigar uma tal Cannibal Farm quando desapareceu.

E fazem-no com a maior das facilidades e limpezas. Meia dúzia de peripécias, e estava o caso deslindado. Esse foi o principal motivo para eu não simpatizar grandemente com este conto. A descrição da investigação é desleixada, tudo é demasiado fácil para uma coisa tão absolutamente problemática que deixa de mãos atadas as próprias agências secretas americanas, obrigando-as a contratar os serviços de investigadores privados. A história resume-se assim a pouco mais que descrições vagamente futuristas, um ambiente político no qual a crítica à sociedade americana é evidente, e uma sucessão de piadas e ironias, muitas das quais exigem um conhecimento sólido sobre o alvo dessas piadas e ironias. Soube-me a pouco, a muito pouco.

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