quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Lido: A Hora do Lagarto

Pois é. Parece que Alexandra Pereira desistiu mesmo definitivamente de dedicar as suas histórias a este e aquele. Lá se vai um pouco do divertimento que este livro causa a quem o lê.

Mas falemos de A Hora do Lagarto. Trata-se de um conto em clima de Mil e Uma Noites, com prodígios à mistura e tudo (um tradutor flutuante, pelo menos), que relata o que acontece quando um príncipe real comete uma tremenda estupidez e se deixa capturar pelos árabes, os qual decidem exigir como resgate pela sua libertação uma parcela substancial de território. O assunto é discutido e debatido e acaba por se chegar a uma conclusão, após o que...

... o conto acaba.

E ponto final. Não ficamos a saber sequer que conclusão foi essa, não temos, apesar da abundância de detalhes sobre os procedimentos do debate, um sinal que seja sobre o que resulta de tudo aquilo. A autora demora-se durante várias páginas a construir tensão e enredo e depois deixa tudo suspenso. Deve ter-se divertido a imaginar a cara dos leitores quando chegassem ao fim e pensassem "então e o resto?!" Um divertimento sádico, convenhamos.

Sim, o conto está bem escrito, e desta vez até o tom empolado do discurso direto está bem aplicado. Mas não havia necessidade de deixar a malta tão pendurada, raios. Um final em aberto deve cerrar qualquer coisa. Assim é demais.

Contos anteriores deste livro:

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