domingo, 7 de janeiro de 2018

Lido: O Iluminiaturista

O Iluminiaturista é mais um caso de abordagem errada a uma ideia potencialmente interessante. A meu ver, naturalmente. Nas páginas dos antigos códices iluminados, diz-nos Carlos Alberto Espargueiro, vive um povo antigo que é o verdadeiro responsável pela manutenção (e também criação) das ilustrações que eles contêm, e que se vê agora acossado primeiro pela imprensa e mais recentemente pelo advento dos ebooks. Com esta ideia, o autor poderia ter escrito um texto mais extenso, arranjando um enredo e, através desse enredo, introduzir aos poucos a ideia e as suas complexidades, cumprindo assim todo o seu potencial. Poderia igualmente ter incutido nessa história todo o humor que introduziu nesta vinheta, sem ceder à necessidade do infodump. Porque é isso (e algumas fragilidades na escrita) o que estraga a vinheta: esta é descrição pura, sem enredo, um simples despejo de informação sobre as criaturas, os seus problemas e a sua função no grande esquema das coisas. É provável que Espargueiro tenha optado por esta abordagem devido às limitações que o projeto tinha (é uma antologia de ficções ultracurtas), mas a verdade é que a ideia não se conjuga bem com um texto tão curto. O melhor que ele tem é o fim, mas só funciona realmente num livro em papel e ilustrado... ora, eu li-o em ebook. E numa edição sem ilustrações.

Contos anteriores deste livro:

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