Um dos aspetos mais interessantes destes pequenos ou pequeníssimos contos de Luiz Bras é a capacidade que o autor por vezes mostra de relatar em extensão tão curta histórias de ficção científica de vastíssima escala. De escala, literalmente, cósmica. Ventania é um desses exemplos, uma vinheta que conta em duas páginas exatas uma história que nasce na singularidade prévia (é maneira de falar; eu sei que isto é uma incorreção científica) ao Big Bang e vai terminar num futuro bem longínquo, a história de uma entidade que apesar da sua enorme antiguidade ganha expressão concreta enquanto pessoa humana no planeta Terra e vai prosseguir séculos fora até ao seu futuro pós-humano, sofrendo múltiplas transformações até acabar por desaparecer. É um conto-vertigem, este, um conto que arrebata qualquer pessoa que se deixe encantar com a perspetiva cósmica das coisas. É o meu caso. Sim, o título está bem dado. Francamente bom.
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