Ah, um conto sobre a hipocrisia. De repente estamos na Terra Média ou em algum lugar do género, e alguém escreve uma breve carta a um tal Frodo. Só que algo corre mal com a tecnologia, e tudo o que esse alguém (Gandalf? Será?) escreve e rasura fica legível. Ora, o tom da parte não rasurada é um, e o da parte rasurada é outro bem diferente, o que Luiz Bras utiliza para belo efeito cómico. E no meio há Os Sete Anéis dos Sete Anões, que quem escreve a carta não faz ideia do que sejam, provavelmente porque pertencem a outra história. Mas isso também está rasurado.
E está tudo basicamente dito. O conto, de uma página, é uma fantasia cómica epistolar muito engraçada, ao mesmo tempo que também é uma experiência narrativa que não será inteiramente original mas é certamente invulgar. Este conto é mais divertido do que propriamente interessante, parece-me, mas contos assim também fazem falta. Aliás, diria até que nos dias de hoje fazem muita falta.
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