terça-feira, 20 de novembro de 2018

Lido: Rodamoinho, Talvez

E na sequência do que disse sobre o texto anterior, eis mais um conto/poema de Luiz Bras cuja mais fundamental natureza é o hibridismo.

Hibridismo, para começar, devido à sua natureza híbrida entre a prosa e a poesia. Hibridismo, também, por situar-se declaradamente num território entre a fantasia de sabor mágico-realista e a ficção científica. Hibridismo, ainda, por fazer a ponte entre a "literatura" tal como é entendida em certos círculos e o género, ou aquilo a que esses círculos chamam a "paraliteratura". E por fim hibridismo porque Rodamoinho, Talvez, é em si mesmo um texto híbrido, uma vez que não existe (ou existe de forma muito amputada, pelo menos) sem a obra literária a que faz referência direta: Cem Anos de Solidão, de Gabriel Garcia Márquez.

E é isso o que tem de mais interessante, a meu ver: a forma como este conto/poema reinterpreta o grande romance de Garcia Márquez à luz da ficção científica, ou de uma certa abordagem à FC, entre a homenagem ao grande escritor e à sua obra e um erguer de bandeira ativista em prol da ideia de que a ficção científica tudo pode permear. Muito bom.

Textos anteriores deste livro:

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