domingo, 4 de novembro de 2018

Lido: Nothing to Fear but Books Themselves

Paul di Filippo teve durante vários anos uma coluna satírica na F&SF intitulada Plumage from Pegasus, na qual publicava textos dificilmente classificáveis, algures entre a ficção e a crónica, ainda que me pareça tenderem mais para o lado da ficção. São historinhas (ou crónicas) curtas, que vieram a ser coligidas em duas coletâneas. O tema é o mundo da ficção científica e fantasia e o mundo literário em geral, e di Filippo serve-se da hipérbole e do exagero para obter efeitos cómicos a partir das idiossincrasias desses mundos e/ou dos seus integrantes.

Aqui, a história intitula-se Nothing to Fear but Books Themselves e, a partir de um trecho de uma crítica publicada na The New York Times Book Review, conta a história de uma crítica profissional que desenvolve medo patológico daquilo que lê. Uma história da qual é impossível falar sem revelar o desfecho, portanto se és alérgico a revelações de enredo vai ler outra coisa qualquer porque a seguir a esta frase há montes de spoilers. Ela, portanto, tem medo. Tudo, conforme explica ao editor que lhe faz uma visita para tentar perceber o que se passa, lhe causa pavor, ao ponto da pobre já nem conseguir pôr o nariz fora de casa. Problema bicudo: se ganha a vida lendo e ler a deixa em pânico, não parece haver solução que não seja ir fazer outra coisa qualquer na vida e não tem ideia nenhuma do quê. Até que o editor descobre a solução: ela vai passar a criticar exclusivamente livros de horror, porque não há nada menos assustador do que um livro de horror.

É uma historinha divertida, vagamente encaixável na literatura fantástica, mas não me parece que passe disso. O que está certíssimo, pois tampouco me parece que Paul di Filippo pretendesse que ela fosse mais que uma historinha divertida. Cumpre o seu propósito e nada mais se lhe pode exigir.

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