Não, não é o que vocês estão a pensar. Não se trata de nenhum comentário ou sucedâneo da série de TV do mesmo nome, embora tenha como tema o apocalipse zombie. Ou "zumbi", como os brasileiros preferem escrever. Este The Walking Dead de Luiz Bras é mais uma ficção que não aceita constranger-se a géneros, traficando livremente entre o horror, a ficção científica e o fantástico mais tradicional e incluindo também um forte tempero de comentário político, num conto incaracteristicamente longo para este livro: três páginas inteiras.
A história, além disso, é mais uma das várias histórias deste livro que contêm ideias para outro livro do autor que eu li e de que falei aqui há algum tempo: Sozinho no Deserto Extremo. Embora neste livro não haja zombies, há o mesmo ambiente pós-apocalíptico e o tema do (ou da) protagonista solitário num mundo vazio. Pelo menos de gente.
E é um conto muito bom, quer pela qualidade da escrita, quer pela forma como os vários (e abundantes) elementos que o compõem vão sendo revelados ao longo do texto, aos poucos, subtilmente e muitas vezes com a máxima economia de palavras. O elemento FC, por exemplo, surge claro com uma só palavra, quando alguém veste o traje de metamaterial. É o que estas pequeníssimas ficções de Luiz Bras têm de melhor, parece-me: a forma cirúrgica como poucas palavras, por vezes apenas uma, revolucionam o todo.
Textos anteriores deste livro:
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