domingo, 11 de novembro de 2018

LeiTugas: vamos a isso?

Desde que lancei a ideia do Grupo LeiTugas, há cerca de um mês, fui tendo várias conversas sobre ela, tanto online como pessoalmente. Essas conversas, e as reflexões que elas me causaram, justificam que antes de pôr o grupo propriamente a funcionar discuta aqui algumas questões. Parte deste post repete perguntas que me fizeram e respostas que dei, com base na suposição de que questões e dúvidas que uma pessoa possa ter poderão ser compartilhadas por outras, e outra parte vem de reflexões que tive posteriormente com base em coisas que me foram dizendo ao longo dessas conversas e na evolução das minhas próprias ideias. A estrutura do post será mais ou menos a de uma FAQ para melhor ficar organizado. Começando pelo princípio.

O nome.

O nome do grupo (e o logotipo que abre este post) foi improvisado praticamente ao correr da pena e por isso está sujeito a alteração. É, como é óbvio, uma contração de "leituras portuguesas". Há conveniência em um grupo deste género ter um nome razoavelmente único, que possa ser usado como hashtag e sirva para fazer pesquisas no Google. Por aí, leitugas até funciona razoavelmente bem: existe uma planta chamada leituga, mas é uma planta pouco comum que não gera muito tráfego nem dá para criar confusões. Mas se alguém tiver ideia melhor, sou todo ouvidos.

Ah, sim, e o logotipo. Se alguém quiser fazer coisa melhor, o que cá para mim seria bastante fácil, faça favor.

Porquê equiparar o número de obras com FC ao de obras sem FC? Não seria melhor distribuir a coisa mais equitativamente pelos vários géneros?

A ideia é promover a leitura e o comentário de ficção científica, precisamente porque já há bastante mais pessoas a ler outros géneros dentro do grande guarda-chuva das literaturas não realistas e a FC tende a ficar para trás. Mas é bom que se compreenda o que eu entendo por "ler FC". Não é "ler apenas romances de FC pura e dura".

Nada impede, por exemplo que um fã de fantasia daqueles mais ferrenhos se delicie num mês com um suculento naco de 700 páginas de fantasia e no seguinte despache um continho de FC de página e meia para cumprir a quota.

E também é bom sublinhar que falar aqui em obras de FC é uma forma de falar em obras com FC. Coisas como o science fantasy (de que a série de Pern da Anne McCaffrey — ou o Star Wars — são bons exemplos) também contam, e há exemplos do género na FC portuguesa. Muitos dos contos da Isabel Cristina Pires ou do Artur Portela são science fantasy, apesar de a parte fantasia ser menos virada à fantasia épica e mais ao fantasismo mais típico do fantástico português. A série da Alex 9 do Bruno Martins Soares também é, e aqui a componente de fantasia é bastante mais épica do que é hábito.

Em geral, pretendo usar aqui o mesmo tipo de definição lata que tenho usado para o Ficção Científica Literária, onde muito do material que aparece está mais próximo de outros géneros mas contém também pitadas de FC. Por conseguinte, alternar uma obra com FC com uma obra sem FC é bastante menos FC-cêntrico do que pode parecer à primeira vista.

E é por isso, de resto, que é aceitável substituir obras sem FC por obras com FC (i.e., em vez de serem no mínimo 6 de cada ao longo de um ano poderem ser 7 ou 8 com FC e 4 ou 5 sem), mas o inverso não é.

E claro que quem quiser restringir a sua FC à FC pura e dura, também é inteiramente bem-vindo.

Mas há pouco material!

A falta de material é mais aparente que real. É verdade que o que se publica por ano é escasso, e que por isso quem quiser cingir-se apenas às últimas novidades poderá ter algumas dificuldades em cumprir (ou não; ver à frente), mas o certo é que já levamos anos suficientes disto para se ter publicado bastantes coisas. Só com os contos que estão online por aí quem quiser participar tem material para muitos anos (um conto de dois em dois meses dá 6 contos por ano; qualquer dos sites que publicou FC em conto, do da Simetria ao Fantasy&Co. tem material que dá para bastante mais que um ano).

Mesmo quem só lê em papel tem disponível material mais que suficiente para participar numa ideia como esta. Tenho vindo a compilar a lista de novidades do ano, à semelhança do que fiz no ano passado, e neste momento ela soma já 31 títulos. E mesmo removendo reedições e ebooks são bem mais que seis (são 21). É pouco, com certeza, mas é mais que suficiente para alimentar uma ideia como esta.

Mas não tenho tempo!

Oh, eu também não.

Mas a verdade é que não preciso de ter mais tempo do que o que tenho porque já faço o que se pretende que este grupo faça. Já leio e comento FC (e não-FC) portuguesa, pelo que não terei dificuldade em cumprir os objetivos que o grupo tem. Preciso apenas de me organizar um pouco melhor, e já agora dou um exemplo de como.

Vou arrancar com isto já este mês. Para novembro já tenho o que comentar; um livro português sobretudo de horror que está quase lido e tem vindo a ser comentado conto a conto nos últimos tempos. Certamente já sabem qual é. Ora, se os contos que falta ler forem como os que já estão lidos, e tudo indica que sim, é um livro sem FC. Ou seja: o próximo será com FC. Mas olhando para os livros que tenho em leitura e na pilha rápida para serem lidos a seguir, não há nenhum livro português de ou com FC. Solução: vou pegar num dos contos em ebook que aqui tenho, ainda não decidi qual, e será essa a minha LeiTuga de dezembro.

(Entretanto, depois de escrever o parágrafo acima mas antes de concluir e publicar este post, apareceu-me um conto de ficção científica nesse livro, o que revoluciona os planos. Mas decidi deixar o parágrafo inalterado como exemplo do que é possível fazer.)

Como eu, há várias pessoas que já fazem isto, embora nem sempre de uma forma particularmente organizada (mas mais sobre isto mais adiante), e que por isso não precisarão de mais tempo livre do que o que já gastam com a leitura e comentário.

Mais: a leitura de contos é inerentemente rápida, e os comentários a contos também o podem ser. Ou seja: quem não tiver muito tempo disponível mas quiser mesmo assim participar pode pelo menos ler e comentar um conto por mês (e volto a remeter para baixo) que não gastará com isso muito tempo. Há por aí contos bastante curtos mas interessantes, e ninguém obriga a só se lerem e comentarem os interessantes; uma das vantagens dos contos é que mesmo quando são chatos nunca o são tanto como certos romances (deixem-me: ontem consegui finalmente acabar de ler um chatíssimo tijolo de 500 páginas e ainda estou sob a influência).

Mas não será demasiado rígido? Uma obra por mês, assim, taxativamente? E se me apetecer saltar um mês?

OK, combinamos o seguinte: quem quiser e puder seguir o esquema rígido, siga-o. Isso fornecerá uma base mínima e regular de opiniões mensais. Quem não puder ou não quiser seguir o esquema rígido, pode orientar-se desta forma: se, no decurso de seis meses, ler e opinar sobre três obras com FC e três obras sem FC, pelo menos, está na mesma a cumprir as regras do grupo.

Mesmo assim não tenho tempo.

Posso sugerir uma versão light da ideia. Um subgrupo "Leituguinhas", para o pessoal que só conseguir fazer isto pela metade. Em vez de 6 obras com FC por ano, e outras tantas sem FC, exigem-se 3+3. Assim já dá?

Nem assim, pá. Nem assim.

Bem, então sugiro outra ideia para quem acha que nem assim consegue cumprir o que se pretende: associe-se a alguém, ou a vários alguéns, e criem um blog coletivo. Ou faça posts de convidados em algum blogue individual. A ideia é que o grupo Leitugas tenha como base as publicações, não as pessoas. Isto é, um blogue em que escrevam 3 ou 4 leitores conta como um, não como 3 ou 4, e por isso tem bastante mais facilidade em cumprir os "mínimos", pois divide as leituras entre esses 3 ou 4 leitores.

Pronto, está bem. E planeias orientar um pouco a escolha, sugerindo títulos específicos, ou pretendes antes dar liberdade a quem aderir, desde que respeite os parâmetros já enunciados?

Sem orientações, a menos que mas peçam explicitamente. A ideia é eu não gastar muito tempo com isto, mas se alguém tiver alguma dúvida sobre se a obra X tem ou não FC, ou não souber onde encontrar contos avulso, e coisas do género, posso responder a essas dúvidas (desde que saiba, naturalmente). Tirando isso, e além do respeito pelas regras de periodicidade, que convém existir para que a coisa resulte, a liberdade é total.

OK, convenceste-me. E agora?

Agora é criar o blogue, se ainda não existir, e começar a ler e a opinar. Quando se reunir um grupo pioneiro convém discutirmos entre nós como se processará a divulgação mútua, mas o melhor, para começar, talvez seja incluir no título ou no texto das publicações relacionadas com isto o nome do grupo, LeiTugas, possivelmente (também) em forma de hashtag, para serem mais fáceis de encontrar. Também convém informarem-me de que estão a participar. Estou a pensar criar uma página aqui na Lâmpada, a acrescentar às três que estão na barrinha ali em cima, onde se poderia fazer a gestão de quem está, de quem não está e de quem está em dia, vai adiantado ou vai atrasado, mas isso provavelmente irá esperar até podermos conversar sobre a parte da divulgação e da gestão do grupo. Penso também fazer alguns convites diretos a malta que faz, ou fez, crítica a coisas portuguesas, mas quem quiser participar não fique à espera do convite: não tenho ainda a certeza de que vou mesmo fazê-los. Eu lançarei a primeira opinião integrada nisto talvez daqui a uma semana ou duas. Ainda este mês, portanto. E quem tiver sugestões a fazer, faça-as.

Vamos a isso?

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