Este livro parece que poderia ter-se intitulado Histórias Invulgares de Fantasmas, pelo menos ajuizando pelas três que o abrem. Todas são invulgares à sua maneira, mesmo quando parecem à primeira vista conformar-se aos clichés do género, como acontece com esta noveleta de Edith Wharton.
Sim, que as coisas neste Mais Tarde (bibliografia) começam banais. Um casal, americano, aproveitando uma prosperidade razoavelmente súbita, resolve comprar uma propriedade campestre em Inglaterra e instalar-se na velha casa da propriedade, a qual tem fama de estar assombrada. Tal como eles queriam, de resto. E a vida segue o seu calmo rumo, que só não é mais calmo porque a casa precisa de obras e reparações, o que leva a um certo corrupio de trabalhadores a sobressaltar o sossego.
Até que, um belo dia, o homem do casal julga ver um conhecido a encaminhar-se para a casa e se precipita escadas abaixo para ir ao seu encontro. Misteriosamente, pois todo o conto é narrado sob o ponto de vista da mulher, a qual nada sabe sobre os negócios do marido e as pessoas com quem ele os faz, o estado de espírito do homem torna-se instável a partir desse momento, ora calmo e feliz como fora até aí, ora nervoso e preocupado. E algum tempo mais tarde, ele simplesmente desaparece.
E fica a mulher sozinha, em desespero, tentando perceber o que se tinha passado. O que acaba por fazer, num final revelador e razoavelmente surpreendente, no qual se encaixam de forma bastante inteligente as várias pontas que tinham ficado soltas até aí. Não revelarei a solução do mistério, pois esse mistério constitui boa parte daquilo que faz mover a trama e sustenta o interesse do leitor até ao fim. Mas tem a ver com fantasmas, cujo aparecimento é tão invulgar que até justifica o título.
Este é um conto bastante bom. Pena é esta edição o ter enchido de tantas gralhas, palavras em falta e por aí fora. A revisora estava a dormir?
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