Sabem aquelas histórias que uma pessoa lê e está constantemente a sair da história, a distrair-se com pensamentos sobre isto e sobre aquilo, até que dá por si, duas ou três páginas adiante, e pensa espera lá, o que é que eu tenho estado a ler que não guardei absolutamente nada na memória? Aquelas histórias que quando este pensamento surge obrigam à decisão entre continuar a ler (ou a "ler", mais propriamente) como se nada fosse ou voltar atrás e tentar realmente ler o que está escrito, e a tentação de optar pela primeira possibilidade porque realmente não há pachorra é quase irresistível? Sabem?
Pois.
Est'A Musa Irrequieta de Pedro Paixão é uma dessas histórias.
Um professor de literatura metido com o seu umbigo é abalado por uma súbita paixão assolapada por uma aluna, e levante a mão quem nunca leu ou viu no cinema nada assim, nenhuma história em que um homem mais velho em posição de autoridade é seduzido por uma ninfeta. Ninguém levanta a mão? Ah. Pois. O homem passa o tempo a discutir com o seu umbigo se o que está a fazer está certo ou errado, mas vai fazendo. Cliché? Claro que sim. Depois, às tantas, eis que surge uma doença terrível a deixar uma lagriminha no canto do olho dos coraçõezinhos românticos que nunca viram aquele filme com a Charlyze Theron, Sweet November, pois os que viram só conseguem encolher o ombro. E no meio de tudo isto há uma prosa que apesar de uma ou outra imagem bem arrancada nem é nada de especial.
Em suma, este conto sai da minha leitura com um veredito claro: mau.
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