sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Livros de 2018

E porque é que eu só faço balanços do ano depois do ano acabar, ao contrário de tantos outros que começam a fazê-los, às vezes, ainda no início de dezembro? Porque até ao lavar dos cestos é vindima, o que quer dizer que até ao fim do ano acontecem coisas. Este ano, por exemplo, acabei de ler o último livro do ano a... 31 de dezembro.

E foi isso o que fez com que tenha acabado o ano com o mesmo número de publicações lidas do ano anterior: 28. Mais uma vez houve este ano extensos períodos em que li muito pouco, ou quase nada, embora este ano a causa tenha sido mais o trabalho do que problemas pessoais como em 2017. Como o meu trabalho consiste em ler e (re)escrever, sempre que entro em sobrecarga não consigo descansar se me puser a ler nos tempos livres. Quando o faço sinto-me quase como se ainda estivesse a trabalhar, e por isso tendo a ir fazer outras coisas. A leitura, claro, ressente-se. Só quando tenho pausas, períodos de descanso, é que leio mais demoradamente.

E não foi só esse número a ser muito semelhante ao ano passado. Tal como em 2017, em 2018 também li 22 livros por lazer, sendo a maioria, 14 (em 2017 tinham sido 18), lusófona, e não só portuguesa e brasileira, mas incluindo também ficção angolana.

A lista completa é a seguinte:

1- Os Informadores, de Bret Easton Ellis (romance em mosaicos com toques fantásticos);
2- Phenomenae, de Ricardo Lopes Moura (coletânea de horror);
3- Sozinho no Deserto Extremo, de Luiz Bras (romance de ficção científica);
4- Arco-Íris da Gravidade, de Thomas Pynchon (romance com toques fantásticos e de ficção científica);
5- Maelstrom, de Peter Watts (romance de ficção científica);
6- Amo-te Para Sempre, de Fernando Alvim (conto mainstream);
7- Invasão Alienígena, org. Ademir Pascale (antologia temática de ficção científica);
8- Kapapa, de Luandino Vieira (conto mainstream);
9- Laços de Família, de Ruy Sant'Elmo (conto mainstream);
10- O Jogo Final, de Orson Scott Card (romance de ficção científica);
11- Na Teia dos Meus Segredos, de Maria Jacinto Uva (conto mainstream);
12- O Boitatá com Olhos de Césio, de Lúcio Manfredi (artigos e críticas fundamentalmente sobre ficção científica);
13- Solarpunk, org. Gerson Lodi-Ribeiro (antologia temática de ficção científica);
14- Xochiquetzal, de Gerson Lodi-Ribeiro (romance em mosaicos de história alternativa);
15- A Corte do Ar, de Stephen Hunt (romance de fantasia steampunk);
16- Pequena Coleção de Grandes Horrores, de Luiz Bras (contos de ficção científica, horror, humor e fantástico, sobretudo);
17- O Engenho dos Sonhos, de Carina Portugal (contos sobretudo de horror, mas também com ficção científica, humor e fantasia);
18- O(s) Fantasma(s) de Fernando Pessoa em O Ano da Morte de Ricardo Reis, de Barbara Juršič (tese de mestrado em literatura portuguesa);
19- Remix, de Lawrence Lessig (ensaio sobre os problemas em volta do copyright);
20- Yazik, de Emanuel R. Marques (conto de horror, com toques de ficção científica);
21- Caminhos do Espaço, de Charles Eric Maine (romance de ficção científica);
22- 100 Livros Portugueses do Século XX, de Fernando Pinto do Amaral (divulgação e crítica literária).

Também li periódicos:

23- Ficções de Guerra, ed. Luísa Costa Gomes (contos fundamentalmente mainstream);
24- Megalon, nº 7, ed. Marcello Simão Branco (contos, artigos e resenhas de e sobre ficção científica e fantástico);
25- Megalon, nº 13, ed. Marcello Simão Branco (contos, artigos e resenhas de e sobre ficção científica e fantástico);
26- Pulp Feek, nº 2, ed. Lucas Rueles e Rafael Marx (contos de ficção científica e artigos sobre FC e técnicas de escrita);

E por obrigação laboral foram lidos:

27- Assassin's Fate, de Robin Hobb (romance de fantasia);
28- Fire and Blood, de George R. R. Martin (romance de fantasia);

Tal como no ano passado a ficção científica predomina, apesar de ter lido poucas obras de FC "pura". A maioria foram obras com alguma FC misturada com outras coisas, por vezes de forma muito minoritária. Mas essas outras coisas, e as que existem nas obras sem qualquer FC, foram mais uma vez bastante variadas, indo de textos académicos sobre literatura ao horror, passando por histórias inteiramente mainstream e por fantasia (ainda que esta se tenha restringido sobretudo aos livros que li como preparação para os traduzir).

E tal como ano anterior, também neste que acabou de acabar não houve nenhum livro que me tenha deixado de queixo caído. Embora tenha havido algumas boas leituras, a maioria foram leituras que não ultrapassaram a mediania e houve umas quantas entre fracas e más. Em parte por isso, este ano tenho real dificuldade em decidir-me pelo habitual top-3 de leituras, porque houve 6 livros que se destacaram dos demais, por motivos diferentes, e não me está a ser nada fácil escolher três entre eles. Acho que vai ter de ser o prazer de leitura a desempatar, e aí ganha a Pequena Coleção de Grandes Horrores, do Luiz Bras, seguido por Maelstrom, do Peter Watts, e por O Jogo Final, de Orson Scott Card. Tudo livros de e com ficção científica, curiosamente. Ou talvez não tão curiosamente.

Os outros três, já agora, foram Remix, de Lawrence Lessig, Xochiquetzal, de Gerson Lodi-Ribeiro, e Sozinho no Deserto Extremo, de Luiz Bras. Sem nenhuma ordem especial. Este último autor, de resto, pode ser encarado como o autor do ano: li dois livros dele e gostei bastante de ambos. Esta listinha de três também dá pistas para se perceber quais foram as três melhores leituras lusófonas do ano, i.e., a Pequena Coleção de Grandes Horrores em primeiro, Xochiquetzal em segundo e Sozinho no Deserto Extremo em terceiro. Tudo brasileiro; este ano li muito poucas coisas portuguesas e as que li estiveram longe de se destacar (umas mais, outras menos). No próximo ano vou ler bastante mais material português, e espero que pelo menos parte dele seja significativamente melhor.

Pelo lado negativo, houve um livro (bem, um livrinho) que se destacou claramente dos demais. A pior leitura do ano foi, pois, Na Teia dos Meus Segredos, de Maria Jacinto Uva. Decidir a segunda e terceira pior foi mais difícil, mas a segunda pior também é relativamente clara: o número 2 do fanzine Pulp Feek. Para a terceira pior a competição foi aguerrida e abundante, reunindo quase uma dezena de livros e outras publicações, mas acabei por escolher outro fanzine brasileiro: o número 7 do fanzine Megalon. Tudo leituras lusófonas, tal como no ano passado, embora neste grupo que lutou por (não) ser a terceira pior leitura também houvesse dois livros traduzidos: A Corte do Ar e Caminhos do Espaço.

E para o ano há mais. Muito mais, na verdade, pois vou ver se leio em 2019 o que falta dos contos DN (aquela coleção de ebooks que inclui o Amo-te Para Sempre, do Alvim, que li este ano), o que só por si já dará uma lista jeitosa de títulos. Até lá.

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