Para confirmar o que disse há dias sobre histórias tradicionais e crueldade, eis mais um continho com pouco mais de uma página em que a primeira coisa que um pai faz quando o filho lhe diz que a lua profetizou que o pai ainda haveria de lhe querer deitar água nas mãos e ele recusar é... deitá-lo ao mar dentro de um caixão. Pois.
O Menino e a Lua, assim se chama o conto recolhido por Adolfo Coelho em Coimbra, é mais uma daquelas histórias cuja moral parece ser "não se brinca com o destino". Que o que está predeterminado acontece, quer se queira, quer não. E é também mais uma história com pano para muitas mangas, que de resto são mesmo necessárias para que a história realmente resulte uma vez que tal como está aqui contada não só padece de forte inverosimilhança (o miúdo acaba como filho adotivo de um rei, por exemplo) como tem também buracos na lógica interna que seria aconselhável colmatar (o rei que o adota, que em princípio só deveria saber que ele tinha sido encontrado à deriva no mar dentro de um caixão, no final da história já sabe quem eram os pais). Ou seja, este não é grande exemplo do talento narrativo dos contadores de histórias populares, mas tem potencial para muito mais.
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