O Rabil, outra história recolhida por Adolfo Coelho em Coimbra, é mais um pequeno conto de pouco mais de uma página sobre o valor da lealdade dos subalternos aos seus superiores hierárquicos. Sem elementos fantásticos, se não considerarmos como tal a ideia de que um lavrador rico aceita de bom grado que a filha se case com um criado, por mais demonstrações de lealdade que este lhe dê (tenho na família direta um caso bem demonstrativo do que acontecia quando havia situações destas, e não era o que esta história conta), é um continho eficaz a transmitir os valores que pretende transmitir: os valores conservadores do conformismo social e da ascensão via bajulação. Para isso serve-se de um dilema aparentemente insolúvel apresentado ao criado, segundo o qual este teria de ser de alguma forma desleal ao amo, coisa que se recusa a ser. Mas lá se safa e a coisa acaba em bem, como não podia deixar de ser.
Estão a perguntar o que raio quer dizer "rabil"? Nada de especial. É apenas o nome de um boi que a filha do agricultor insiste para o criado matar. Ah, sim e o conto é bom? É eficaz, como já disse. Um pouco desagradável, também. Bom? Não.
Contos anteriores deste livro:
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