sábado, 20 de julho de 2019

Carla Marques: Morte

E de repente temos um soneto nesta antologia, depois de uma série de poemas sem grande estruturação formal. Em Morte (bibliografia), Carla Marques apresenta mais um daqueles poemas que só são realmente fantásticos se forem encarados de forma literal, e não se teria saído particularmente mal da empreitada se tivesse conseguido, ou querido, manter nos tercetos uma estrutura rítmica tão coerente como a que manteve nos quartetos. Sim, que os sonetos não são uma forma tão rígida como a dos haicais mas quando um poema começa bem ritmado e termina sem qualquer espécie de ritmo a sensação que deixa é de coisa coxa.

O tema é a morte, claro, aqui apresentada como entidade viva, o que justifica que se chame fantástico ao poema, mas não com grande solidez, o que também justificaria que se encarasse a figura da morte apenas como parábola. De certa forma, portanto, é um poema de horror, mas só de certa forma. Quanto à qualidade, não é grande, não só devido aos problemas rítmicos de que falei acima, mas também porque as rimas não são particularmente inspiradas. Mas já ficaram para trás coisas piores.

Textos anteriores deste livro:

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