terça-feira, 16 de julho de 2019

Italo Calvino: História do Indeciso

Não sei ainda se será característica das histórias contadas já não no castelo mas na taberna, mas pelo menos esta História do Indeciso é narrada de forma mais livre que a maior parte das histórias contadas no castelo. Italo Calvino não abandona o tarot como fio condutor e motor dos enredos, claro, mas nesta história a narração está mais liberta de constrangimentos, ao ponto de haver trechos em que o leitor quase se esquece de que tudo se baseia em cartas pousadas numa mesa.

Aqui encontramos, como o título indica, um indeciso. Alguém que, confrontado com as encruzilhadas da vida, hesita em escolher um caminho, sobrecarregado de dúvidas sobre qual será o melhor e o que poderá perder ao não seguir aqueles que não seguir. Muitíssimo bem escrita (sim, gostei ainda mais do texto de Calvino neste conto do que é hábito), esta é uma história longa para o que é hábito neste livro, com muito em comum com as histórias populares, incluindo um certo ar arquetípico das situações e personagens.

E no fim depara com o seu duplo, um duplo simétrico, farto de ter a vida adiada à espera que ele tome as decisões que, por contraste, lhe determinem o rumo. Uma ideia brilhante. Diria mesmo que quase borgesiana.

Este conto é magnífico.

Contos anteriores deste livro:

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