segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Mário de Carvalho: O Gato Gatão

Como se sabe, o Beco das Sardinheiras é lugar dado a todos os tipos de prodígios, e o que será, além de um prodígio, o facto de uma gata dar à luz não a habitual ninhada de gatinhos mas um único gato gigantesco? É precisamente isso o que acontece em O Gato Gatão, história em que Mário de Carvalho volta a pôr no papel uma dose considerável de bom humor e de arte de bem escrever.

Quer dizer, o gato ao nascer não era gigantesco. Mas já era bastante maior que um gatinho recém-nascido normal e, como acontece com os gatinhos normais, desatou a crescer por aí fora. E o que tem um gato grande a corresponder ao seu tamanho? Fome. Uma fome grande. E o que come um gato grande, assim uma espécie de pantera? Carne, claro. Carninha da boa. E, prodigiosamente, parece ter uma estranha predileção por carninha da boa e da fardada.

A coisa, naturalmente, chega aos jornais, envolta em névoas de mistério e terror. E os donos do gato resolvem ver-se livres dele. Não que lhes cause grande mossa a perda de uns quantos senhores fardados, mas aquilo era caso para atrair problemas, e de problemas ninguém tem falta. De modo que lá arranjam forma de levar a o gato gatão para longe, com pena, claro, pois já se tinham há muito afeiçoado ao bichano. Mas tudo acaba em bem. Menos para uns tipos com a farda da Guardia Civil espanhola.

Este continho não é tão bom nem tão divertido como o primeiro. Mas não deixa por isso de ser bom e divertido.

Conto anterior deste livro:

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