terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Duílio Gomes: O Ovo com Solenidade

E aqui temos mais um daqueles contos que se leem e se esquecem quase no mesmo instante. Ou pelo menos que eu leio e esqueço quase no mesmo instante. A sua brevidade talvez tenha alguma responsabilidade por isso, embora eu já tenha lido alguns contos muito breves absolutamente memoráveis. Não foi o caso deste; nem o título de O Ovo com Solenidade (bibliografia) me disse alguma coisa. Tive de ir passar-lhe os olhos por cima, e precisei de reler quase metade do conto até se fazer luz.

Duílio Gomes escreve aqui uma breve história de terror. Um cego prepara-se para se deliciar com um ovo quando repara que os porcos, habitualmente confinados ao respetivo chiqueiro, lhe invadiram a casa. Assustado, pois os porcos são bichos grandes e omnívoros, com uns estômagos onde por vezes parece caber o mundo, perfeitamente capazes de lhe fincarem o dente, o cego dá-lhes o ovo e reza para que não se lembrem de que também ele tem potencial para se transformar em comida. E o conto é isso: acompanhamos o terror do cego, as especulações do cego sobre o que quererão os porcos, os planos e estratagemas do cego para se safar da situação, até que o conto acaba e ficamos só com uma suspeita sobre o desfecho da história.

Não foi, como se perceberá, história que me tenha impressionado. Não quero dizer com isto que seja uma má história — as histórias realmente más podem ser tão memoráveis como as histórias realmente boas. Foi uma história que me deixou indiferente ao ponto de se me ter sumido da memória como se nunca por lá tivesse passado. Não é bom. Mas podia ser pior, suponho.

Textos anteriores deste livro:

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