domingo, 16 de fevereiro de 2020

Isaac Asimov: Uma Noite de Canto

Ao ler este Uma Noite de Canto (bibliografia), a minha cabeça pôs-se automaticamente a fazer comparações entre os dois contos sobre o demónio de dois centímetros chamado Azazel que li até agora, este e o anterior, e os contos mais conhecidos de Isaac Asimov: os seus contos sobre robôs positrónicos.

Existem, naturalmente, pontos de contacto, ou não fosse o autor o mesmo. Existe uma comunhão de estilo literário, por exemplo. Mas também existe algo que podia perfeitamente não existir, uma vez que estes contos sobre Azazel são fantasia: rigor lógico. O rigor lógico é dos aspetos preponderantes nos contos de robôs, os quais consistem geralmente de um problema levantado pela aplicação prática das Três Leis da Robótica em situações extremas e da respetiva investigação e/ou solução. E aqui podia não se encontrar nada disso, dado o caráter mais ligeiro, humorístico e fantasioso destas histórias. Mas a verdade é que se encontra.

É que, se é certo que dois contos é pouco para ter uma ideia global sobre todos, não é menos certo que este conto é o segundo em que temos um problema que o bom do Azazel é chamado a resolver, o que ele faz de uma forma tão literal que o resultado é, em vez de uma verdadeira solução, uma catástrofe. Aqui o problema é uma mulher que gosta de cantar é cruel e põe um pretendente a andar de uma forma particularmente humilhante. E o ex-pretendente decide vingar-se dando-lhe, por um dia, uma voz perfeita. Com a ajuda do Azazel, naturalmente. Mas o que vos parece que acontece a quem experimenta a perfeição uma só vez e se vê depois condenado à imperfeição quotidiana? Precisamente.

Veremos se os outros contos seguem também este esquema. Para já fica a segunda história que, sem ser realmente nada de especial, não deixa de ser divertida e interessante.

Conto anterior deste livro:

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