segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Emanuel Haza: Quando a Noite Cai

Mais um autor brasileiro, este Emanuel Haza, ainda que a sua forma de escrever pareça algo híbrida, misturando elementos dialetais brasileiros e portugueses. Híbrida e muitíssimo anacrónica, uma vez que este Quando a Noite Cai (bibliografia) se lê como um texto oitocentista, cheio dos clichés dos textos da época, da escrita em primeira pessoa à identificação das personagens por iniciais, passando pelo comportamento e entorno social aristocrático dessas personagens e pela indefinição das datas, que no entanto não são oitocentistas mas novecentistas. A história passa-se em "19..", assim mesmo.

E por falar em história, esta é uma história de vampiros também muito cliché, que o autor tenta sem grande sucesso rematar de forma surpreendente. Com uma ou outra referência clara a alguma obra ou autor específicos, este conto poderia passar por pastiche, mas essas referências não existem, o que leva o leitor à conclusão de que estamos simplesmente perante um autor inexperiente, que ainda não saiu da fase da imitação da espécie de história que mais lhe agrada ler e por isso recorre a estilos, ambientes e abordagens ultrapassados há pelo menos um século. Não escreve mal, é certo, mas o extremo conservadorismo e caráter derivativo deste conto não permitem que o resultado se aproxime de ser bom.

Textos anteriores deste livro:

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