O País de Outubro (bibliografia) é disso prova. Trata-se de uma coletânea de contos sobretudo fantásticos, frequentemente de horror, ainda que este por vezes adquira aquelas tonalidades suaves e juvenis que em Bradbury — e não só nele — vêm muitas vezes associadas ao Halloween, trazendo alguns também bastante humor, e quase sempre carregadinhos daquela poesia muito característica da ficção bradburiana.
E como é costume acontecer nas compilações de contos do autor, também aqui se encontram algumas pedras preciosas, alguns grandes contos. Histórias como O Lago, A Multidão, A Segadeira, O Homem do Segundo Andar, A Cisterna ou, e sobretudo, O Esqueleto são histórias que não destoariam numa compilação as melhores ficções do autor. E O Esqueleto é um conto obrigatório em qualquer compilação desse género.
Mas não é um livro sem os seus problemas. A tradução, por exemplo, não me agradou, e há aqui dois ou três contos que destoam do grupo e me parecem menos bons. Não sei bem até que ponto as duas coisas estão relacionadas, isto é, até que ponto uma tradução desagradável poderá ter contribuído para uma experiência de leitura em que não transparece a qualidade que Bradbury costuma ter. Por outro lado, costumar ter não é o mesmo que ter sempre, e é verdade que por vezes o "poeta da FC" como alguém lhe chamou um dia, fraqueja. Seja como for, é livro de leitura mais que recomendável. Bastaria conter O Esqueleto para o ser.
Eis o que achei de cada um dos contos:
- O Anão
- O Próximo da Fila
- A Ficha de Pôquer Sempre Atenta de H. Matisse
- O Esqueleto
- A Jarra
- O Lago
- O Emissário
- Possuída pelo Fogo
- O Pequeno Assassino
- A Multidão
- A Caixinha de Surpresa
- A Segadeira
- Tio Einar
- O Vento
- O Homem do Segundo Andar
- Havia uma Velha Senhora
- A Cisterna
- Festa de Família
- A Morte Maravilhosa de Dudley Stone
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