Dois contos consecutivos relacionados com ficção científica? Ena. Se bem que este seja uma fantasia científica, com alguns toques de FC mas um enredo baseado em portais interdimensionais que soam mais a fantasia que a FC. Susana Celina de Oliveira Augusto, a autora deste O Submundo dos Antigos (bibliografia), não escreve mal, propriamente, ainda que sobrecarregue demasiado a sua prosa de adjetivos e advérbios; o ritmo, que essa adjetivação quase estraga, é a sua melhor qualidade, e podia ter dado muito bom uso a esse ritmo nesta história se não fosse um detalhe.
A história é daquelas de enredo movimentado, um conto de mistério e investigação envolvendo mortes não naturais e por aí fora. Com a camada adicional de fantasia científica em cima e uma prosa bem ritmada a acompanhar, o resultado podia ser bastante interessante... se, mais uma vez, o tamanho do conto fosse o adequado. Não é, longe disso. A ideia dava para uma noveleta, no mínimo, mas a autora viu-se obrigada a encafuá-la num conto curto, sem espaço para desenvolver personagens, ambiente e até o enredo e despachando um enredo promissor com um final a que só posso chamar desastrado.
Nem todas as histórias dão contos curtos; nem todas as histórias dão noveletas, novelas ou romances. Uma das qualidades mais importantes de quem escreve reside na capacidade de perceber que tamanho resulta melhor para cada história. E os autores presentes neste livro, salvo algumas exceções, parecem ainda não ter desenvolvido essa qualidade. O resultado é a grande quantidade de contos como este: promissores, mas apenas isso. E já escrevi algo de semelhante a isto e suspeito que vou voltar a escrever.
Textos anteriores deste livro:
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