quarta-feira, 4 de dezembro de 2019
Escrita de novembro
Às vezes acontece. Um tipo chega a um ponto de certo bloqueio e fica a remoer sobre a melhor forma de sair dele. Quando isso acontece no início de uma história e já se sabe mais ou menos como ela vai seguir depois do bloqueio, pode-se saltar para outra cena qualquer e ir escrevendo, mas quando acontece com a história já adiantada e desse bloqueio depende a forma como se enquadra o fim, não há grande coisa a fazer, além de escrever, não gostar, apagar, escrever de novo e repetir o processo quantas vezes forem necessárias para, pelo menos, ficarem as linhas gerais da coisa estabelecidas.
Foi o que aconteceu em novembro. O romance avançou pouco e não me agrada muito o que avançou. Houve escrita, apagamento e reescrita de vários trechos e é provável que continue a haver. Ao todo, devo ter escrito mais de 30 páginas, mas descontando o que foi apagado e refeito o saldo final fica-se pelas 22. Cerca de. 7600 palavras, mais coisa, menos coisa. E no fim do mês, parou. Acho que estou a precisar de passar um período sem escrever nada — de ficção, pelo menos; a tradução em curso e as coisas para o blogue vão sempre exercitando o manuseamento da palavra — para ver se regresso fresco e acabo finalmente esta história. Desde que voltei a pegar nela já se passou quase um ano, com muito poucas interrupções. Nunca estive tanto tempo a escrever uma coisa só, nem de perto nem de longe: o Embaixadores é mais pequeno que isto (pouco passa de metade, na verdade) e ficou feito em dois ou três meses, ainda que tenha depois sofrido várias revisões.
Mas estas oscilações são naturais e, feitas as contas, as coisas continuam a correr muito bem. Esta é a mais complexa história que eu já escrevi, e se não houvesse uns enguiçozinhos de vez em quando seria de estranhar. Acho que posso é dizer desde já que só vou terminar em 2020. Mas vou terminar em 2020. E aí já vou ter também um novo patamar a alcançar e ultrapassar. É que este ano já escrevi o equivalente a mais de 200 páginas de ficção, coisa que nunca antes tinha feito, nem nos meus tempos mais produtivos, em que escrevia mais coisas e mais depressa mas depois ficava uma porção de tempo sem escrever nada. Como quando escrevi o Embaixadores, ou de outra vez que devo ter escrito umas 70 páginas num só mês mas nem cheguei a somar-lhe outro tanto no resto do ano.
Portanto, siga. Dezembro também deverá ser fraco, mas hei de somar mais texto a esta história, certamente. Para o ano logo vos digo como foi.
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